Despesas Dedutíveis no Simples Nacional: Mito ou Verdade? Entenda Tudo em Detalhes

Despesas Dedutíveis no Simples Nacional: Mito ou Verdade? Entenda Tudo em Detalhes

Empreender no Brasil exige coragem, planejamento e uma boa dose de conhecimento sobre tributos. Um dos regimes mais populares entre micro e pequenas empresas é o Simples Nacional, conhecido por sua praticidade e alíquotas mais acessíveis. Mas uma dúvida persiste entre muitos empresários: é possível deduzir despesas no Simples Nacional?

Essa é uma pergunta comum e extremamente relevante, principalmente quando falamos em otimização tributária e planejamento financeiro. Neste artigo completo, vamos esclarecer essa dúvida, explicar como funcionam as despesas no Simples Nacional, os cuidados que sua empresa deve ter com a contabilidade, e ainda apresentar alternativas e estratégias legais para reduzir a carga tributária.

Se você é empreendedor, contador, gestor financeiro ou está pensando em abrir um CNPJ, leia até o fim. Este conteúdo pode fazer você economizar tempo, dinheiro e evitar dores de cabeça com o fisco.


O Que é o Simples Nacional?

O Simples Nacional é um regime tributário unificado voltado para microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP), criado pela Lei Complementar nº 123/2006. O objetivo principal é facilitar o pagamento de tributos e reduzir a burocracia fiscal para os pequenos negócios brasileiros.

Nesse regime, diversos tributos federais, estaduais e municipais são unificados em uma única guia, o DAS (Documento de Arrecadação do Simples Nacional). Os tributos incluídos são:

  • IRPJ (Imposto de Renda da Pessoa Jurídica)

  • CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido)

  • PIS/Pasep

  • COFINS

  • IPI

  • ICMS (Estadual)

  • ISS (Municipal)

  • CPP (Contribuição Previdenciária Patronal)

Tudo é calculado com base no faturamento bruto da empresa, o que simplifica bastante a rotina fiscal. Porém, essa simplificação vem com uma consequência importante: não há dedução direta de despesas no cálculo do imposto.


Despesas Dedutíveis no Simples Nacional Existem?

A resposta curta e direta é: não, o Simples Nacional não permite dedução de despesas para fins de apuração de imposto. Isso significa que, independentemente das despesas que sua empresa tiver – como aluguel, salários, marketing ou insumos – elas não impactam o valor do imposto a pagar.

Ao contrário de outros regimes, como o Lucro Real, onde as despesas operacionais podem ser abatidas do lucro tributável, no Simples o imposto é sempre calculado com base no faturamento bruto.

Por que isso acontece?

A estrutura do Simples foi pensada para simplificar a vida do pequeno empreendedor. Isso inclui:

  • Cálculo padronizado

  • Menor necessidade de apuração detalhada dos tributos

  • Evitar o uso de práticas complexas de dedução

Com isso, o sistema opta por uma alíquota fixa e progressiva, que varia conforme o faturamento acumulado nos últimos 12 meses, e de acordo com o tipo de atividade (Anexos I ao V).


Se Não Posso Deduzir, Por Que Controlar Minhas Despesas?

Apesar de não poder abater despesas no cálculo de impostos, controlar e registrar todos os gastos da empresa é fundamental, e aqui está o porquê:

1. Apuração do Lucro Contábil

A contabilidade precisa das despesas para apurar corretamente o lucro líquido da empresa. Esse lucro, por sua vez, é usado para:

  • Demonstrar a saúde financeira da empresa

  • Fazer a distribuição de lucros isenta de imposto

  • Apresentar relatórios gerenciais

  • Preparar a empresa para financiamentos ou investidores

2. Distribuição Legal de Lucros

O lucro só pode ser distribuído sem retenção de IR se for apurado com base em uma contabilidade regular. Isso exige:

  • Registro completo de receitas e despesas

  • Escrituração contábil

  • Balanço patrimonial e demonstração de resultado

Empresas que não mantêm esses registros correm o risco de ter a distribuição de lucros desconsiderada, e os valores podem ser tributados como pró-labore.

3. Gestão Financeira Estratégica

Controlar os gastos permite:

  • Identificar desperdícios

  • Cortar custos desnecessários

  • Analisar a rentabilidade de cada produto ou serviço

  • Planejar investimentos futuros

4. Fiscalização e Riscos Legais

Em uma eventual fiscalização, a Receita Federal pode exigir a comprovação da origem e destinação dos recursos da empresa. Notas fiscais, recibos e extratos bancários são essenciais.

Empresas que misturam contas pessoais e empresariais, ou que não registram suas despesas corretamente, correm alto risco de sofrer autuações e pagamentos retroativos de tributos com multa e juros.


Despesas Que Devem Ser Registradas

Mesmo sem dedução no Simples, é essencial manter um bom controle contábil das seguintes despesas:

  • Folha de pagamento (salários, férias, encargos)

  • Aluguel de imóvel comercial

  • Despesas com marketing e anúncios

  • Honorários de contadores e consultores

  • Compra de mercadorias e insumos

  • Transporte e logística

  • Serviços contratados (TI, design, jurídico, etc.)

  • Energia elétrica, água, telefone e internet

  • Depreciação de bens

Todos esses gastos devem ser comprovados com nota fiscal ou documento equivalente.


Estratégias para Reduzir Impostos no Simples Nacional

Mesmo sem poder deduzir despesas, ainda é possível pagar menos imposto com planejamento tributário. Veja algumas estratégias legítimas:

1. Fator R – Anexo III ou V

Empresas de serviços que têm uma folha de pagamento alta (superior a 28% do faturamento bruto) podem se beneficiar do Anexo III, com alíquotas mais baixas.

2. PIS e COFINS Monofásicos

Alguns setores (como farmácias e mercados) vendem produtos com tributação monofásica, ou seja, os impostos já foram recolhidos na indústria. Nesses casos, você pode retirar esses produtos da base de cálculo do Simples, reduzindo o valor final da guia.

3. ICMS-ST (Substituição Tributária)

Se você vende produtos que já tiveram ICMS-ST recolhido anteriormente, também pode retirá-los da base de cálculo.

4. Venda para Órgãos Públicos com Retenção de ISS

Em serviços prestados para órgãos públicos, o ISS pode ser retido na fonte, o que deve ser informado corretamente para evitar tributação dupla.

5. Revisão de CNAE

Um erro comum é a escolha de um CNAE inadequado, que posiciona a empresa em um anexo com alíquotas mais altas. Revisar o CNAE pode gerar grande economia.


Quando o Simples Deixa de Ser Vantajoso?

O Simples Nacional nem sempre é a melhor escolha. Empresas que têm alta margem de lucro, despesas operacionais relevantes ou que ultrapassam o limite de faturamento podem se beneficiar de outros regimes, como o Lucro Presumido ou Lucro Real.

Situações em que vale analisar a troca:

  • Faturamento próximo a R$ 4,8 milhões/ano

  • Despesas elevadas com folha de pagamento, estrutura física ou logística

  • Vendas com alta carga de ICMS-ST ou monofásico

  • Prestadores de serviço com baixa folha (impacto no Fator R)

Simulações contábeis devem ser feitas para avaliar o impacto real da mudança de regime.


O Papel do Contador no Simples Nacional

Muita gente acredita que o Simples Nacional dispensa o acompanhamento contábil. Mas isso é um erro grave. Um contador é essencial para:

  • Realizar planejamento tributário

  • Garantir o cumprimento das obrigações acessórias

  • Emitir relatórios contábeis para bancos, investidores ou auditorias

  • Realizar a distribuição legal de lucros

  • Corrigir enquadramentos indevidos (ex.: CNAE errado)

  • Proteger sua empresa de fiscalizações e penalidades

O Simples Nacional é um ótimo regime tributário para empresas em crescimento, oferecendo simplicidade e carga tributária reduzida. No entanto, é fundamental entender que as despesas não são dedutíveis para fins de cálculo dos impostos.

Isso não significa que você pode ignorar o controle financeiro. Muito pelo contrário: registrar corretamente todas as despesas da empresa é essencial para manter uma contabilidade sólida, distribuir lucros sem imposto e tomar decisões financeiras com segurança.

E se você quer pagar menos impostos dentro da lei, o segredo está no planejamento tributário, na escolha correta do CNAE, e na utilização de estratégias específicas – sempre com o apoio de um contador experiente.

Publicado por Cleiton Sousa
Contador | Especialista Contabilidade Fiscal e Direito Tributário

 

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